Com apresentação e leitura do Manifesto Democracia e saúde mental sem racismo: Queremos bem viver, integrantes da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) - Anpsinep, lançam a campanha com o objetivo de mobilizar a sociedade em torno da defesa da democracia, da saúde mental e do bem viver da população negra. O lançamento ocorreu ontem (15/11) no encerramento do 6º Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão, realizado pelo Fórum de Entidades Nacionais de Psicologia Brasileira (FENPB). Um dos maiores eventos de Psicologia, o Congresso reuniu cerca de 7000 profissionais da categoria e estudantes de todo o país.
A campanha pretende comunicar, durante o ano de 2023, a preocupação da Anpsinep com os problemas atuais que afetam todas as pessoas (negras e brancas) de maneiras distintas. Entre os aspectos centrais da campanha estão a defesa da democracia e da saúde mental sem racismo, e ela faz um chamado à responsabilização coletiva entre psicólogas(os) e outros profissionais da saúde mental, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, entidades de classe, autoridades públicas e formadores de opinião. A luta antirracista, a defesa dos direitos humanos e do bem viver da população negra deve ser partilhada e corresponsiva.
A leitura do Manifesto foi feita pelo psicólogo e coordenador executivo da Anpsinep Igo Ribeiro, onde marcou: "Nosso esperançar caminha lado a lado com o direito de existir em muitas dimensões, social e politicamente. Somos mais que um dado ou um recorte de raça. Somos trabalho, assistência social, economia, previdência, meio ambiente. Queremos mais que uma participação política reduzida à raça. Queremos existir e participar das decisões políticas desse país. Queremos respeito e dignidade. Queremos bem viver! A Psicologia por meio do seu ecossistema de entidades e pessoas deve assumir o compromisso efetivo com a defesa do bem viver."
As atividades e desdobramentos da campanha ocorrerão ao longo do próximo ano, 2023, envolvendo ações formativas, de mobilização social e política nos estados onde a ANPSINEP possui núcleos ativos. Dentre as ações, serão desenvolvidos materiais didáticos e informativos para profissionais da psicologia e também para usuários e usuárias dos serviços de saúde mental e assistência social. Leia o manifesto na íntegra.
Anpsinep no CBP. Confira!
O CBP ocorreu entre os dias 11 a 15 de Novembro de 2022. E além do lançamento da campanha da Anpsinep no dia 15 de Novembro de 2022, tivemos algumas atividades durante o evento. A primeira atividade ocorreu durante a cerimônia de abertura, a qual contou com a participação da ANPSINEP na mesa estendida, como entidade parceira do Fórum de Entidades Nacionais de Psicologia. No dia seguinte, 12 de novembro, ocorreu a reunião aberta com a participação de aproximadamente 50 pessoas, entre profissionais e estudantes, no Espaço temático no CBP - Reunião aberta - Relações étnicas e racias: Que Cor-Age?. Neste encontro realizamos um diálogo sobre a atuação da Articulação nacionalmente e territorialmente, com destaque para a atuação nas regiões nordeste, sudeste e centro-oeste.
Reunião aberta da ANPSINEP com a participação de aproximadamente 50 pessoas, entre profissionais e estudantes.
Na reunião aberta realizada no sábado (dia 12), integrantes da coordenação nacional da ANPSINEP deram as boas vindas às novas pessoas integrantes da Articulação e puderam sanar dúvidas sobre a atuação política dos núcleos estaduais.
No dia 13 de novembro, integrantes da Anpsinep realizaram apresentações de trabalhos científicos sobre temáticas distintas associadas ao tema das relações raciais na Psicologia. Com o tema Psicologia, relações raciais e movimentos sociais, Maria Conceição Costa (PE), Maria de Jesus Moura (PE) e Gabriela dos Santos Silva (BA) compartilharam reflexões a partir das práticas profissionais e agenda de pesquisa sobre psicologia, lutas dos movimentos sociais e análises e as necessidades dos entendimentos sobre relações raciais. Nesse encontro, a atuação da ANPSINEP foi compreendida como movimento social pioneiro protagonizado por pessoas negras dentro da Psicologia. Os encontros também contaram com a participação de profissionais de diversos estados que enriqueceram o debate com suas experiências.
Integrantes dos núcleos estaduais da ANPSINEP participaram de exposições orais com temas importantes para o desenvolvimento da Psicologia. O trabalho da integrante Thais Lourenço, do Rio de Janeiro, tratou do tema das "Conversações na clínica psicológica sentida por uma cosmopercepção amefricana". Thais afirma que viu "atrevivendo pelos caminhos que me fizeram transcender. Primeira apresentação como psicóloga no VI Congresso Brasileiro de Psicologia. Desde que estive aqui em 2018, tanta coisa mudou. Foi pelo estímulo e incentivo de professoras(es) na minha graduação que pude abrir mais portas e conexões inimagináveis. Tecendo o meu lugar dentro da profissão que escolhi, com propósito, ética, questionamentos, firmeza e delicadeza também".
Juliana Gomes, também integrante do núcleo do Rio de Janeiro, apresentou o trabalho sobre "Violência de Estado: Ferramentas teórico-práticas no atendimento a vítimas de violência de Estado e seus familiares no SUAS", a partir de sua prática como psicóloga da Assistência Social no município do RJ.
No dia 15 de novembro, tivemos a mesa Psicologia e Gênero – realidades e atravessamentos das mulheres negras, indígenas e quilombolas, com as presenças de Veridiana Silva Machado (BA), Thaynara Sousa Silva (DF), Valdizia Maria Silva do Nascimento (PB). Neste encontro as psicólogas compartilharam suas pesquisas e análises sobre as mulheres nos espaços sociais, especialmente, da psicologia. Veridiana Machado, coordenadora da região Nordeste, destaca que as reflexões "partem de minha trajetória como pesquisadora no campo das religiões afro brasileiras, especialmente, o candomblé e, sobretudo, tem como esteio minha experiência como mulher negra, makota do terreiro Tumbance de nação Congo/ Angola na cidade de Salvador-BA".
Outro destaque foi o Prêmio Práticas Inovadoras no Exercício da Psicologia. A premiação ocorreu durante a cerimônia de encerramento e uma das pessoas premiadas foi a recém integrante do núcleo de MG da ANPSINEP, Jéssica Gabriela de Souza, pelo trabalho "Cartilha 'Guia' - Migração, refúgio, tráfico de pessoas e subjetividades". O trabalho de Jéssica ficou em terceiro lugar na categoria "Experiências ou produtos derivados do trabalho profissional individual ou coletivo da(do) psicóloga(o)".
Jéssica Gabriela de Souza, premiada pelo trabalho "Cartilha 'Guia' - Migração, refúgio, tráfico de pessoas e subjetividades"
Os trabalhos apresentados podem ser acessados por meio dos Anais do Congresso Brasileiro de Psicologia. As conferências e outras atividades, como o lançamento da Campanha "Democracia e Saúde Mental sem Racismo: Queremos Bem Viver" podem ser assistidas no Youtube.
Anpsinep de casa nova!
Na ocasião do lançamento da campanha, lançamos também o nosso site.Confira a nossa nova casa.